ChatGPT – O chat de inteligência Artificial não deve ser usado para ajudar escrever artigos científicos.

Dr. Paulo Farber

Imagem: “Academic writing (working from home)” by Raul P is licensed under CC BY-NC-ND 2.0.

Com a popularização do ChatGPT e o recente aparecimento de artigos cujo co-autor é Chat GPT , fui experimentar se a ferramenta poderia ajudar-me a encontrar artigos científicos. Afinal, quem é do tempo que para encontrar artigos científicos tinha que procurar nas palavras chaves dos livros “Index Medicus”, sabe a revolução que foram os mecanismos de busca da internet, como o google e o google acadêmico, e as pesquisas na PubMed. Se o ChatGPT pudesse me ajudar a tarefas básicas como procurar e analisar artigos científicos, seria ótimo.

A minha experiência não tem sido boa. Hoje tentei mais uma vez, e vou colocar aqui o que aconteceu.

Coloquei no ChatGPT para que ele escrevesse como um cientista sobre a importância da glicose intracelular na resistência insulínica, um tema que abordei recentemente neste vídeo. Um cientista vai procurar os artigos existentes, e analisá-los. Uma das tarefas mais difíceis na ciência não é elaborar ou executar um experimento, mas sim escrever um artigo para ser publicado. Peço também que especifique o artigo com o respectivo DOI, ou Digital Object Identifier, o identificador digital do artigo, para que eu possa encontrá-lo.

O início não foi muito animador, como podem ver. O chat faz diversas afirmações (corretas), mas sem citar referências. Um cientista não faz afirmações sem dizer “de onde tirou”, ou seja, qual artigo embasou a afirmação.

Mais para a frente o ChatGPT cita somente duas referências para o texto que entrega. Esta é a primeira, onde destaco o DOI:

Muito bem, fiquei animado. O bot encontrou uma referência específica sobre o assunto, que não é um “estudo” como diz o texto, mas um artigo de revisão. De qualquer modo trata especificamente do tema proposto, e como eu não tinha ainda o artigo, procurei pelo DOI, e aconteceu isto:

O ChatGPT forneceu a DOI errada!. Isto já é ruim, mas ainda assim fui procuar o artigo no Google, colocando entre aspas:

Portanto o Google diz que o artigo conforme descrito pelo ChatGPT não existe. Mas não desisti, tirei as aspas e coloquei o ano de publicação e o autor conforme descrito no texto:

Não encontrei de novo

Com última tentativa, a PubMed, onde estão todos os artigos indexados na livraria nacional dos EUA.

Portanto não encontrei o artigo citado pela DOI, nem pelo Google, nem na PubMed.

O ChatGPT apresentou uma referência que não existe!

Mas não satisfeito, fui procurar a segunda referência (lembrem-se que haviam apenas duas referências).

Este foi o resultado. Para piorar, o DOI fornecido pelo ChatGPT é de outra publicação, de um outro ano e de outro assunto!

Como conclusão, pode-se afirmar que o ChatGPT até forneceu um texto válido, mas com referências  completamente inválildas.

Portanto o ChatGPT foi reprovado como candidato a ajudante de cientista!

Não deve ser utilizado para trabalhos científicos, pelo menos com os algoritmos atuais.

O periódico científico  Science recentemente atualizou a política editorial para impedir que textos gerados pelo ChatGPT fossem utilizados nos manuscritos submetidos à revista, sendo considerados plágios.  Os outros periódicos científicos devem seguir a recomendação

Concluindo, neste momento, o ChatGPT não é válido nem como pesquisa bibliográfica nem como co-autor de trabalhos científicos. Provavelmente o algorritmo deverá ser aperfeiçoado, e talvez se transforme em um “Google melhorado”. Mas como está hoje, não deve ser utilizado para pesquisas bibliográficas.

Os fatores que agravam a Covid-19 e como melhorar a saúde: A Pandemia, a Hemorreologia e a Microcirculação.

The severity factors of Covid-19 and how to improve health: The Pandemic, Hemorheology, and Microcirculation

Mortes diárias no mundo causadas pela pandemia Covid-19. Fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/
Daily deaths worldwide caused by the Covid-19 pandemic. Source: https://www.worldometers.info/coronavirus/

Este post é baseado no artigo científico “Can erythrocytes behavior in microcirculation help the understanding the physiopathology and improve prevention and treatment for covid-19?” publicado no periódico “Clinical Hemorheology and Microcirculation“. As informações contidas neste post estão relacionadas com o artigo, a não ser que estejam marcadas por um link para outra publicação.

This post is based on the scientific article “Can erythrocytes behavior in microcirculation help the understanding the physiopathology and improve prevention and treatment for covid-19?” published in the journal “Clinical Hemorheology and Microcirculation“. The information in this post is related to the article unless it is marked by a link to another publication.

Já se passaram quase dois anos desde o início da pandemia covid-19. Já contamos mais de 5 milhões de mortos, e apesar das vacinação em massa, muitos países estão voltando a decretar o confinamento das pessoas e medidas adicionais para controle da pandemia.

It has been nearly two years since the start of the covid-19 pandemic. We have already counted more than 5 million dead, and despite mass vaccinations, many countries are returning to the decree of people’s confinement, and additional measures to control the pandemic.

Como já vimos nos posts anteriores, para se ter saúde os nossos órgãos e tecidos têm que estar nutridos e oxigenados. A nutrição e oxigenação dos órgãos e tecidos dependem diretamente da viscosidade do sangue na microcirculação. Mas qual a relação da viscosidade na microcirculação com a pandemia Covid-19?

As we have seen in previous posts, to be healthy our organs and tissues have to be nourished and oxygenated. The nutrition and oxygenation of organs and tissues directly depend on the blood viscosity in the microcirculation. But what is the relationship of viscosity in microcirculation with the Covid-19 pandemic?

A microcirculação (onde os órgãos e tecidos são nutridos e oxigenados) e a viscosidade do sangue foram explicados em detalhes nos posts “A Microcirculação“, “O Sangue e sua viscosidade“, e “A Viscosidade do Sangue na Microcirculação“. Resumidamente, a viscosidade do sangue na microcirculação é muito dependente dos eritrócitos, ou glóbulos vermelhos, e esta dependencia aumenta quando o diâmetro dos vasos sanguíneos diminui para menos de 300 µm. Nesta condição, duas características dos glóbulos vermelhos influenciam na viscosidade do sangue: A agregação eritrocitária (quando os glóbulos vermelhos ficam “grudados”) e a deformabilidade eritrocitárias (o quanto os glóbulos se deformam). Nestes vasos sanguíneos muito finos, quanto mais os glóbulos vermelhos se agregam e quanto menos se deformam, maior é a viscosidade sanguínea. E é através destes vasos sanguíneos que os tecidos e órgãos do corpo são nutridos e oxigenados. E quando a viscosidade do sangue aumenta na microcirculação, a nutrição e oxigenação podem ficar prejudicadas.

The microcirculation (where organs and tissues are nourished and oxygenated) and blood viscosity have been explained in detail in the posts “The Microcirculation“, “The Blood and its viscosity“, and “Blood Viscosity in Microcirculation“. Briefly, the viscosity of blood in the microcirculation is very dependent on erythrocytes, or red blood cells, and this dependence increases when the diameter of blood vessels decreases to less than 300 µm. In this condition, two characteristics of red blood cells influence the blood viscosity: Erythrocyte aggregation (when red blood cells are “stuck”) and erythrocyte deformability (how much the red blood cells can be deformed). In these thin blood vessels, the blood viscosity increase as erythrocyte aggregation increase, and erythrocyte deformability decrease. Through these blood vessels, the tissues and organs of the body are nourished and oxygenated. As blood viscosity increases in microcirculation, nutrition and oxygenation can be impaired.

As formas graves da Covid-19 frequentemente apresentam a microcirculação prejudicada e a presença de coágulos dentro dos vasos sanguíneos. As formas graves da Covid-19 também estão relacionadas a diversos fatores, como o baixo índice do hormônio feminino estrogênio, a deficiência da vitamina D, a obesidade, a diabetes e as doenças cardiovasculares.

Severe forms of Covid-19 often show impaired microcirculation and the presence of clots within the blood vessels. The severity of Covid-19 is also related to several factors, such as low levels of the female hormone estrogen, vitamin D deficiency, obesity, diabetes, and cardiovascular disease.

Todos estes fatores (baixo hormônio estrogênio, deficiência de vitamina D, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares) também estão ligados à uma maior agregação eritrocitária e uma menor deformabilidade. Portanto os fatores que favorecem os quadros mais graves da Covid-19 também são os mesmos que favorecem uma pior hemorreologia e uma microcirculação prejudicada.

All of these factors (low estrogen, vitamin D deficiency, obesity, diabetes, and cardiovascular disease) are also linked to an increase in erythrocyte aggregation and a decrease in deformability. Therefore, the factors linked to the most severe conditions in Covid-19 are also the same ones that show impaired hemorheology and impaired microcirculation.

Portanto, as pessoas que desenvolvem a Covid-19 nas formas mais severas, também têm comorbidades que estão relacionadas a um aumento da agregação e uma diminuição na deformabilidade dos glóbulos vermelhos do sangue. E pacientes com Covid-19 possuem essas mesmas alterações (aumento da agregação e diminuição da deformabilidade dos eritrócitos).

Therefore, people who develop severe Covid-19 also have comorbidities related to increased erythrocyte aggregation and decreased erythrocyte deformability. Also, patients with Covid-19 have these same problems (increased erythrocyte aggregation and decreased erythrocyte deformability).

E como melhorar a nossa saúde e a viscosidade do sangue na microcirculação?

And how to improve our health and blood viscosity in microcirculation?

Embora ainda não temos pesquisas suficientes para todas as respostas de como melhorar a hemorreologia e a viscosidade do sangue na microcirculação, temos algumas pistas.

While we still don’t have enough research for all the answers for the improvement of hemorheology and blood viscosity in microcirculation, we do have some clues.

Nossa equipe de investigação descobriu que se adicionarmos estrogênios a sangue de homens, a deformabilidade eritrocitária melhora de acordo com a concentração do hormônio no sangue. Portanto é possível que uma reposição hormonal nas mulheres na menopausa possa melhorar a hemorreologia destas. O que não sabemos ainda é a dose ideal de hormônio, e ainda são necessárias pesquisas para que se estabeleça a dose ideal.

Our research team found that if estrogens are added to men’s blood, erythrocyte deformability improves according to the concentration of the hormone in the blood. Therefore, possibly hormone replacement in postmenopausal women can improve their hemorheology. What we still do not know is the ideal dose of hormone, and research is still needed to establish the optimum dose.

Outra descoberta nossa foi que em mulheres na menopausa, a agregação e a deformabilidade eritrocitárias estão relacionadas com os níveis de vitamina D no sangue. Portanto é possível que doses diárias de vitamina D melhorem a viscosidade do sangue na microcirculação. Pacientes com deficiência de vitamina D tem maior risco de se infectar, maior hospitalização e pior prognóstico em relação à Covid-19.

Another finding of ours was that in postmenopausal women, erythrocyte aggregation and deformability are related to blood levels of vitamin D. Therefore, is possible that daily doses of vitamin D may improve blood viscosity in the microcirculation. Patients with vitamin D deficiency have a higher risk of becoming infected, longer hospitalized, and worse Covid-19 prognosis.

A obesidade e o diabetes são fatores de risco da Covid-19, tanto para a gravidade da doença quanto para o risco de morte. Tanto a obesidade e o diabetes estão relacionados com o aumento da agregação e a diminuição da deformabilidade dos glóbulos vermelhos do sangue. Mudanças no estilo de vida, como melhora da alimentação e aumento da atividade física melhoram também a agregação e a deformabilidade dos eritrócitos. Portanto mudanças na dieta e na atividade física podem diminuir o risco de uma Covid-19 grave.

Obesity and diabetes are risk factors for Covid-19, both for the severity of the disease and the risk of death. Both obesity and diabetes are related to increased aggregation and decreased deformability of red blood cells. Lifestyle changes, such as improved diet and increased physical activity, also improve erythrocyte aggregation and deformability. Therefore, changes in diet and physical exercise can decrease the risk of severe Covid-19.

Conclusão

In Conclusion

Ainda há muito o que se fazer para diminuir o risco de Covid-19. Uma estratégia promissora é melhorar a saúde, através de uma melhor oxigenação e nutrição dos tecidos e órgãos na microcirculação. Mudanças no estilo de vida como dieta e atividade física e a suplementação de hormônios e vitaminas são algumas das possibilidades que devem ser investigadas.

There is still a lot to be done to reduce the risk of Covid-19. One promising strategy is to improve health through better oxygenation and nutrition of tissues and organs in microcirculation. Lifestyle changes such as diet and physical activity and hormone and vitamin supplementation are some of the possibilities that should be investigated.

4. A Viscosidade do Sangue na Microcirculação

4. Blood Viscosity in
Microcirculation

A importância dos eritrócitos na viscosidade do sangue na microcirculação

A saúde dos nossos órgãos e tecidos depende de como estes são nutridos e oxigenados. Como a nutrição e oxigenação dos tecidos é feita na microcirculação, e a viscosidade do sangue pode interferir na nutrição e oxigenação dos tecidos, alguns comportamentos dos glóbulos vermelhos são muito importantes para que os tecidos e orgãos sejam nutridos e oxigenados adequadamente.


The rule of erythrocytes on blood viscosity in the microcirculation

The health of our organs and tissues depends on how they are nourished and oxygenated. Since tissue nutrition and oxygenation are done in microcirculation, and blood viscosity can interfere with tissue nutrition and oxygenation, some behaviors of red blood cells are very important for tissues and organs to be properly nourished and oxygenated.

Como já vimos no post anterior (O Sangue e sua Viscosidade), a viscosidade do sangue depende da viscosidade do plasma (a fase líquida do sangue), do hematócrito (a proporção dos glóbulos vermelhos) e de duas características dos glóbulos vermelhos, a agregação eritrocitária (quando os eritrócitos ficam “grudados”) e a deformabilidade eritrocitária (a capacidade do eritrócito de se deformarem).

As seen in the previous post (The Blood and its Viscosity), the viscosity of the blood depends on the viscosity of plasma (the liquid phase of the blood), the hematocrit (the percentage of red blood cells), and two characteristics of red blood cells, the aggregation erythrocyte (when erythrocytes become “stuck”) and erythrocyte deformability (the ability of the erythrocyte to deform).

Na microcirculação (já detalhada no post A Microcirculação), conforme o calibre das artérias diminui, a importância dos glóbulos vermelhos na viscosidade sanguínea aumenta. Alguns capilares são até mais finos que o diâmetro de um eritrócito.


In the microcirculation (already detailed in the post The Microcirculation), as the caliber of the arteries decreases, the importance of red blood cells in blood viscosity increases. Some capillaries are even thinner than the diameter of one erythrocyte.

A figura abaixo mostra o que acontece com os eritrócitos conforme o diâmetro dos vasos sanguineos diminui. Nos vasos menores, a distância entre os eritrócitos fica maior, ou seja, a proporção entre glóbulos vermelhos e plasma (o hematócrito) diminui (este fenômeno é conhecido como efeito Fåhræus). A viscosidade do sangue nos vasos mais finos também diminui (efeito Fåhræus e Lindqvist). Enquanto os capilares sanguíneos forem de diâmetro maiores que os eritrócitos, a viscosidade do sangue nestes vasos muito pequenos vai ficar próxima da viscosidade do plasma. Já nos vasos menores em diâmetro que os glóbulos vermelhos, os eritrócitos serão os grandes responsáveis pela fluidez do sangue.


The figure below shows what happens to the erythrocytes as the blood vessel diameter decreases. In the smaller vessels, the distance between erythrocytes increases, that is, the proportion between red blood cells and plasma (the hematocrit) decreases (this phenomenon is known as the Fåhræus effect). Blood viscosity in thinner vessels also decreases (Fåhræus and Lindqvist effect). As long as the blood capillaries are larger in diameter than the erythrocytes, the blood viscosity in these very small vessels will be close to the plasma viscosity. In the vessels smaller in diameter than red blood cells, erythrocytes will be largely responsible for the fluidity of blood.

A figura acima representa as proporções entre o plasma e eritrócitos na microcirculação. Conforme o calibre do vaso diminui, a proporção entre eritrócitos e plasma (o hematócrito) também diminui. Acima é possível ver o fenômeno nos capilares da microcirculação sublingual (setas) . (figura modificada a partir de figuras disponibilizadas pela Servier neste website . A fotografia da microcirculação sublingual veio do nosso arquivo).

The figure above represents the proportions between plasma and erythrocytes in the microcirculation. As the diameter of de blood vessel decrease, the proportion between erythrocytes and plasma (the hematocrit) also decreases. The phenomenon can be seen above in the sublingual microcirculation capillaries  (image modified from figures provided by Servier on this website. The sublingual microcirculation photography came from our archive).

A influência dos eritrócitos na viscosidade sanguínea na microcirculação é maior nos vasos sanguíneos cujo diâmetro é menor que 300 µm. Duas características dos eritrócitos influenciam a viscosidade do sangue na microcirculação: A agregação eritrocitária (quando os glóbulos vermelhos ficam “grudados”) e a deformabilidade eritrocitárias (o quanto os glóbulos se deformam).

The rule of erythrocytes on blood viscosity in the microcirculation increases when blood vessel diameter drops below 300 µm. Two characteristics of erythrocytes influence the viscosity of blood in the microcirculation: Erythrocyte aggregation (when red blood cells are “stuck”) and erythrocyte deformability (how much the red blood cells can be deformed).

A Agregação Eritrocitária


The Erythrocyte Aggregation

A figura abaixo à direita mostra como os eritrócitos tendem a se agregar. Estes agregados, como pilhas de moedas são conhecidos como rouleau (singular) ou rouleaux (plural).

The figure below on the right shows how erythrocytes tend to aggregate. These aggregates, like stacks of coins, are known as rouleau (singular) or rouleaux (plural).

Eritrócitos não agregados (imagem da esquerda) e agregação eritrocitária (imagem da direita). (imagens do nosso arquivo)
Non-aggregated erythrocytes (image on the left) and erythrocyte aggregation(image on the right). (images from our archive)

As forças que impedem a agregação eritrocitária são a tensão de cisalhamento, a energia elástica da membrana dos eritrócitos e a repulsão eletrostática entre os glóbulos vermelhos. Na microcirculação, conforme a tensão de cizalhamento diminui, os glóbulos vermelhos tendem a se agregar.

The forces that prevent erythrocyte aggregation are shear stress, the elastic energy of the erythrocyte membrane, and the electrostatic repulsion between red blood cells. In the microcirculation, as shear stress decreases, the red blood cells tend to aggregate.

A força elétrica de repulsão entre as hemácias é um fator que vai ser detalhado em um post posterior, devido a sua complexidade. A elasticidade da membrana dos glóbulos vermelhos também está relacionada ao outro comportamento dos eritrócitos que interfere com a viscosidade do sangue na microcirculação: A deformabilidade eritrocitária.

The electrical force of repulsion between the red blood cells is a factor that will be detailed in a later post, due to its complexity. The elasticity of the red blood cell membrane is also related to the other behavior of erythrocytes that interferes with blood viscosity in the microcirculation: Erythrocyte deformability.

A Deformabilidade Eritrocitária

The Erythrocyte Deformability

Como vimos no vídeo no post anterior (para quem quiser ver novamente o link é https://youtu.be/n8Xv70JlRu4 ) os glóbulos vermelhos são deformáveis. Quando submetidos a uma pressão, como a tensão de cizalhamento ou o contato com as paredes dos vasos sanguíneos, os eritrócitos se deformam, retornando na sua forma original bicôncova quando a pressão diminui. Na microcirculação, principalmente nos capilares mais finos, os eritrócitos se “espremem”, se deformam, para que possam passar por estes vasos sanguíneos.

As we saw in the video of the previous post (for those who want to see again the link is https://youtu.be/n8Xv70JlRu4) red blood cells are deformable. Under a pressure such as shear stress or contact with blood vessel walls, erythrocytes deform, returning to their original biconcave form when pressure decreases. In microcirculation, especially in the thinnest capillaries, erythrocytes “squeeze”, deform, so that they can pass through these blood vessels.

A capacidade dos glóbulos vermelhos de se deformarem depende de vários fatores, como a elasticidade da membrana celular e a viscosidade interna do eritrócito. Glóbulos vermelhos de forma alterada, diferentes do formato de disco bicôncavo original, não se deformam adequadamente. Eritrócitos muito alterados, como na anemia falciforme, deformam muito pouco, prejudicando a microcirculação (figura abaixo).

The capacity of red blood cells to deform depends on several factors, such as the elasticity of the cell membrane and the internal viscosity of the erythrocyte. Altered red blood cells, distinct from the original biconcave disc shape, do not deform properly. Very altered erythrocytes, as in sickle cell anemia, deform very little, impairing the microcirculation (figure below).

Eritrócitos normais (A) e células falciformes (B). As células falciformes não se deformam e prejudicam a microcirculação, principalmente nas bifurcações (C) (figura modificada a partir de figuras disponibilizadas pela Servier neste website)
Normal erythrocytes (A) and sickle cells (B). Sickle cells do not deform and impair microcirculation, particularly at bifurcations (C) (image modified from figures provided by Servier on this website)

Doenças como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares entre outras, cursam com piora na agregação eritrocitária e deformabilidade eritrocitária. Essas doenças também apresentam alterações da microcirculação. Portanto tratamentos com o objetivo de melhorar a saúde destes pacientes devem melhorar também a microcirculação e a nutrição e oxigenação dos tecidos e órgãos. E neste sentido, o comportamento dos glóbulos vermelhos, como a agregação e a deformabilidade podem ser a chave para uma saúde melhor.

Diseases such as diabetes, obesity, and cardiovascular diseases, among others, are associated with erythrocyte aggregation and erythrocyte deformability impairment. These diseases also manifest alterations in microcirculation. Therefore, treatments aiming to improve the health of these patients should also improve microcirculation and the nutrition and oxygenation of tissues and organs. And in this sense, the behavior of red blood cells, such as aggregation and deformability, may be the key to better health.

Doutor Paulo Luiz Farber
Secretário-Geral da Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação
Médico do Hospital da Luz de Aveiro

Paulo Luiz Farber MD, PhD
General-Secretary of the Portuguese Society of Hemorheology and Microcirculation
Medical doctor at the Hospital da Luz de Aveiro

3. O Sangue e sua viscosidade

3. The Blood and its viscosity

Como o assunto é muito técnico, vou simplificar o máximo para que este post seja acessível para todos.


As the subject is very technical, I will simplify it as much as possible so that this post is accessible to everyone.

A Viscosidade


The Viscosity

Para entendermos o que é viscosidade de de um fluido, vamos imaginar um líquido fluindo por um funil. Líquidos diferentes fluem com velocidades distintas. Se usarmos um mesmo funil, a água passará mais rápido do que o azeite. O que determina a velocidade com que a água ou o azeite fluem é a viscosidade. Quanto mais viscoso é um líquido, menor é a velocidade que ele flui nas mesmas condições que um outro menos viscoso. Portanto a viscosidade de um fluido é a resistência deste para escoar. A água provoca muito menos resistência à passagem do que o azeite, portanto a viscosidade da água é menor do que a do azeite.

To understand what a fluid’s viscosity is, let’s imagine a liquid flowing through a funnel. Different liquids flow at distinct velocities. If we use the same funnel, the water will pass faster than the olive oil. What determines the velocity of the flow of water or olive oil is their viscosity. The more viscous a liquid is, the slower it flows than other less viscous under the same conditions. Therefore, the viscosity of a fluid is its resistance to flow. Water causes much less resistance to flow than olive oil, so the viscosity of the water is smaller than that of olive oil.

A água ou o azeite sofrem atrito ao fluir pelas paredes do funil. As camadas do líquido que fluem mais próximas da parede sofrem mais atrito, em relação às camadas mais distantes, gerando lâminas de líquido com velocidades diferentes (figura abaixo). Esta tensão entre as camadas de líquido com velocidades diferentes, parecida com a tensão entre as lâminas de uma tesoura, chama-se Tensão de Cisalhamento. Este conjunto de tensões interferem no fluxo do líquido. Nos caso da água e do azeite, a viscosidade é sempre constante durante o escoamento. Líquidos como a água ou o azeite, cujas viscosidades não variam conforme o gradiente de velocidade (taxa de cisalhamento), recebem a denominação de “Fluidos Newtonianos“, porque obedecem a lei de Newton da viscosidade.


The water or olive oil suffers friction as it flows through the walls of the funnel. The layers of liquid that flow closer to the wall suffer more friction, compared to the more distant layers, generating layers of liquid with different velocities (figure below). The tension between the layers of liquid with different velocities, similar to the tension between the blades of scissors, is called Shear Stress. This set of stresses interferes with the flow of the liquid. In the case of water and olive oil, the viscosity is always constant during the flow. Liquids such as water or olive oil, whose viscosities do not vary according to the velocity gradient (shear rate), are called “Newtonian Fluids”, because they obey Newton’s law of viscosity.

Quando a água flui por um tubo, as camadas mais próximas da parede sofrem maior atrito, gerando fluxos com velocidade diferentes. As camadas mais próximas da parede da mangueira fluem com velocidade menor das mais próximas ao centro.
When water flows through a pipe, the layers closest to the wall suffer greater friction, generating flows with different speeds. The layers closest to the wall flow at a slower velocity than those closest to the center.

O Sangue

The Blood

O sangue, por outro lado, é um fluido mais complexo. Antes de explicar a viscosidade do sangue, vale a pena ver o que acontece quando o sangue flui. No vídeo abaixo, é possível ver o fluxo do sangue quando pressionado por uma lamínula de microscopia.

Blood, on the other hand, is a more complex fluid. Before explaining blood’s viscosity, it’s worth seeing what happens when the blood flows. In the video below, it is possible to see the flow of blood as pressed by a microscopic coverslip.

Como foi possível ver no vídeo, o sangue quando olhado no microscópio, contém duas partes distintas (ou fases). Há uma fase líquida, chamada de plasma, e a outra fase são os elementos figurados que ficam em suspensão no plasma, como os eritrócitos (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. No vídeo, o plasma aparece escuro (devido ao tipo de microscópio), as eritrócitos são os círculos brancos e o leucócito (glóbulo branco) é a célula grande branco e preta. As plaquetas não estão visíveis neste vídeo. Todos estes elementos do sangue podem ser vistos na figura abaixo. Também é possível ver neste vídeo duas características muito importantes dos eritrócitos: A agregação (que aparece como uma “cola” entre os eritrócitos) e a deformabilidade (o eritrócito é maleável).

As you can see in the video, the blood, when looked at under a microscope, contains two distinct parts (or phases). There is a liquid phase, called plasma, and the other phase is the formed elements that are suspended in the plasma, such as erythrocytes (red blood cells), leukocytes (white blood cells), and platelets. In the video, the plasma appears dark (due to the type of microscope), the erythrocytes are the white circles, and the leukocyte (white blood cell) is the large white and black cell. The platelets are not visible in this video. All of blood elements can be seen in the figure below. It is also possible to see in this video two very important characteristics of erythrocytes: Aggregation (which appears as a “glue” between erythrocytes) and deformability (erythrocyte is malleable).

Figura representando o sangue que flui por uma artéria, onde se pode visualizar a importância dos eritrócitos (glóbulos vermelhos) . Na ampliação evidencia-se os elementos figurados do sangue. (imagem modificada a partir de figuras disponibilizadas pela Servier neste website).

Figure representing the blood flowing through an artery, where you can see the importance of erythrocytes (red blood cells). In the enlargement, the formed elements of the blood are highlighted.  (image modified from figures provided by Servier on this website).

A Viscosidade do Sangue

The Blood Viscosity

O sangue quando flui pelos vasos sanguíneos, também está sujeito às tensões de cisalhamento. Mas a viscosidade do sangue varia conforme a taxa de cisalhamento, portanto o sangue não obedece a lei de Newton da viscosidade, e por isso é um “Fluido não Newtoniano“.

Blood, as it flows through blood vessels, is also subject to shear stresses. But the blood viscosity varies according to the shear rate, so the blood does not obey Newton’s law of viscosity, and therefore it is a “non-Newtonian fluid“.

O plasma, a fase líquida do sangue, comporta-se como um fluido Newtoniano, cuja viscosidade não varia conforme a taxa de cisalhamento. A viscosidade do plasma é importante para a viscosidade do sangue, e aumenta principalmente nos processos inflamatórios.

The plasma, the liquid phase of the blood, behaves like a Newtonian fluid, whose viscosity does not vary according to the shear rate. Plasma viscosity is relevant for blood viscosity and increases mainly in inflammatory processes.

Os glóbulos brancos não são numerosos e não interferem significativamente na viscosidade nos grandes vasos sanguíneos. Por outro lado, na microcirculação, devido ao seu tamanho e a maior rigidez quando ativados, podem bloquear a circulação em alguns capilares. Isto pode acontecer, por exemplo, nos processos infecciosos.

White blood cells are outnumbered and do not significantly interfere with viscosity in large blood vessels. On the other hand, in microcirculation, due to their size and greater rigidity when activated, they can block circulation in some capillaries. This fact can happen, for example, in infectious processes.

Por outro lado, os eritrócitos são muito importantes para a viscosidade do sangue, pois ocupam por volta de 40-50% do seu volume. Esta proporção de volume dos eritrócitos em relação ao volume total de sangue é chamada de Hematócrito. Um aumento do hematócrito causa um aumento significativo na viscosidade do sangue.

On the other hand, erythrocytes are very relevant for blood viscosity, as they occupy about 40-50% of blood volume. This ratio of erythrocyte volume to total blood volume is called Hematocrit. An increase in hematocrit causes a significant increase in blood viscosity.

Duas características dos eritrócitos influenciam na viscosidade do sangue. Como os eritrócitos são deformáveis, se eles ficarem mais rígidos podem aumentar a viscosidade do sangue. Esta característica é chamada de deformabilidade eritrocitária. A outra característica é a tendência a se agregar, de ficarem “grudados”, chamada de agregação eritrocitária. Estes comportamentos dos eritrócitos e sua influência na viscosidade do sangue serão o assunto do próximo post.

Two characteristics of erythrocytes influence blood viscosity. Because erythrocytes are deformable, if they become more rigid they can increase blood viscosity. This characteristic is called erythrocyte deformability. The other characteristic is the tendency to aggregate, to “stick together”, called erythrocyte aggregation. These behaviors of erythrocytes and their influence on blood viscosity will be the subject of the next post.

Doutor Paulo Luiz Farber
Secretário-Geral da Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação
Médico do Hospital da Luz de Aveiro

Paulo Luiz Farber MD, PhD
General-Secretary of the Portuguese Society of Hemorheology and Microcirculation
Medical doctor at the Hospital da Luz de Aveiro

2. A Microcirculação

Onde os tecidos e órgãos são nutridos e oxigenados

Microscopia da microcirculação sublingual (imagem do nosso arquivo).
Microscopic image of sublingual microcirculation (image from our archive).

2. The Microcirculation

The place of oxygenation and nutrition of organs and tissues

(este post foi escrito em português brasileiro e em inglês)

Para o post anterior ir para Hemorreologia, Saúde e Microcirculação
For the previous post, go to Hemorrheology, Health and Microcirculation

Link para a Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação
Link to the Portuguese Society of Hemorheology and Microcirculation

O que o coração, o pulmão, o fígado, o estômago, os intestinos, a pele, os músculos, o cérebro e todos os órgãos e tecidos têm em comum? Suas células são nutridas por uma rede de vasos sanguíneos finíssimos, conhecida como microcirculação. Você pode até se alimentar bem e respirar ar puro, mas se o oxigênio absorvido e os nutrientes não forem adequadamente distribuídos, os tecidos do corpo ficarão desnutridos. Quando você se alimenta e respira, os nutrientes e o oxigênio precisam ser transportados para dentro das células.

What do the heart, lung, liver, stomach, intestines, skin, muscles, brain, and all organs and tissues have in common? Its cells are nourished by a web of thin blood vessels, known as microcirculation. Even if you eat well and breathe clean air, but if the absorbed oxygen and nutrients are not correctly distributed, your body tissues will become malnourished.When you eat and breathe, nutrients and oxygen should be transported into cells.

Ao passar pelo pulmão, o sangue é oxigenado e recebe o nome de sangue arterial. A troca gasosa, ou seja, a saída do gás carbônico e a entrada do oxigênio no sangue se faz na microcirculação de pequenas cavidades do pulmão, chamadas de alvéolos. Nos intestinos, a água os nutrientes são absorvidos e transportados para o sangue, e se a microcirculação intestinal estiver obstruída, a absorção intestinal ficará prejudicada. O sangue rico em oxigênio e nutrientes é bombeado para artérias menores até alcançar artérias muito pequenas, as arteríolas, e posteriormente para vasos tão pequenos quanto fios de cabelo, conhecidos por capilares. Após a distribuição do oxigênio e dos nutrientes para o tecido, os capilares transportam o sangue para pequenas veias, as vênulas até as veias maiores.

As it passes through the lung, the blood is oxygenated and is called arterial blood. The gas exchange, that is, the outlet of carbon dioxide and the entry of oxygen into the blood takes place in the microcirculation of small lung cavities, called alveoli. In the intestines, water, nutrients are absorbed and transported to the blood, and if intestinal microcirculation is obstructed, intestinal absorption will be impaired. The blood, rich in oxygen and nutrients, is pumped into smaller arteries until it reaches very small arteries, the arterioles, and subsequently into vessels as small as strands of hair, known as capillaries. After the distribution of oxygen and nutrients to the tissue, the capillaries transport blood to small veins, the venules to the larger veins.

Esquema simplificado da microcirculação. Em vermelho está o sangue arterial, rico em oxigênio. Em azul o sangue venoso, pobre em oxigênio. (imagem modificada a partir de figura disponibilizada pela Servier neste website).
Simplified microcirculation scheme. In red is arterial blood, rich in oxygen. In blue the venous blood, poor in oxygen. (image modified from a figure provided by Servier on this website)

O Fluxo de Sangue na Microcirculação
Blood Flow in Microcirculation

À partir dos capilares, o oxigênio e os nutrientes difundem-se para os tecidos e células. A velocidade do fluxo sanguíneo depende de vários fatores, como a abertura ou fechamento das arteríolas e da viscosidade do sangue. As arteríolas são como “torneiras” para o fluxo de sangue, e a viscosidade vai ditar se o sangue será mais ou menos fluido. Em determinados órgãos, como o mesentério, há uma estrutura muscular que controla o fluxo de sangue para os capilares, chamada de esfíncter pré-capilar. Em outros lugares, como nos músculos, nos capilares que estão inicialmente sem glóbulos vermelhos, enchem-se de sangue conforme aumenta a atividade muscular. Ou seja, os capilares “vazios” (não estão completamente vazios, eles contém plasma sanguíneo, que é a parte líquida do sangue) são recrutados para ajudar no aumento da necessidade de oxigenio. A viscosidade do sangue é um fator muito importante para o fluxo de sangue, e se ela estiver prejudicada, toda a troca de oxigênio e de nutrientes também fica prejudicada.

From the capillaries, oxygen, and nutrients diffuse to tissues and cells. The speed of blood flow depends on several factors, such as opening or closing the arterioles and blood viscosity. Arterioles are like “taps” for the blood flow, and viscosity will dictate whether the blood will be more or less fluid. In organs such as mesentery, there is a muscular structure that controls the flow of blood to capillaries, known as pre-capillary sphincter. In other tissues, such as in muscles, capillaries that are initially empty of red blood cells, fill with blood as muscle activity increases. That is, the “empty” capillaries (they are not empty, they contain blood plasma, which is the liquid part of the blood) are recruited to help increase the need for oxygen. Blood viscosity is a significant factor in blood flow, and if it is impaired, the entire exchange of oxygen and nutrients is also impaired.

Concluindo, para o sangue distribuir os nutrientes e o oxigênio, nós temos uma rede de vasos sanguíneos muito finos, os capilares, cujo fluxo é regulado pelas arteríolas e pela viscosidade do sangue.

In conclusion, for the blood to distribute nutrients and oxygen, we have a network of very thin blood vessels, the capillaries, whose flow is regulated by arterioles and blood viscosity.

No próximo post discutiremos os fatores relacionados à viscosidade na microcirculação.

The factors related to viscosity in the microcirculation will be discussed in the next post.

Para o post anterior ir para Hemorreologia, Saúde e Microcirculação
For the previous post, go to Hemorrheology, Health and Microcirculation

Doutor Paulo Luiz Farber
Secretário-Geral da Sociedade Portuguesa de Hemorreologia e Microcirculação
Médico do Hospital da Luz de Aveiro

Paulo Luiz Farber MD, PhD
General-Secretary of the Portuguese Society of Hemorheology and Microcirculation
Medical doctor at the Hospital da Luz de Aveiro

Referências científicas do artigo na revista “Visão Saúde”

  1. US Department of Agriculture. The food guide pyramid. Hyattsville, MD: Human Nutrition Information Service, 1992
  2. Willett WC. The dietary pyramid: does the foundation need repair? Am J Clin Nutr. 1998 Aug;68(2):218-9.
  3. Patel TP, Rawal K, Bagchi AK et al. Insulin resistance: an additional risk factor in the pathogenesis of cardiovascular disease in type 2 diabetes. Heart Fail Rev. 2016 Jan;21(1):11-23. doi: 10.1007/s10741-015-9515-6.
  4. Kearns CE, Schmidt LA, Glantz SA. Sugar Industry and Coronary Heart Disease Research: A Historical Analysis of Internal Industry Documents. JAMA Intern Med. 2016 Nov 1;176(11):1680-1685.
  5. Pearson-Stuttard J, Zhou B, Kontis V, Bentham J, Gunter MJ, Ezzati M. Worldwide burden of cancer attributable to diabetes and high body-mass index: a comparative risk assessment. Lancet Diabetes Endocrinol. 2018 Feb;6(2):95-104.
  6. Talbot K, Wang HY, Kazi H, et al. Demonstrated brain insulin resistance in Alzheimer’s disease patients is associated with IGF-1 resistance, IRS-1 dysregulation, and cognitive decline. J Clin Invest. 2012 Apr;122(4):1316-38.
  7. Li X, Song D, Leng SX. Link between type 2 diabetes and Alzheimer’s disease: from epidemiology to mechanism and treatment. Clin Interv Aging. 2015 Mar 10;10:549-60.
  8. Feinman RD, Pogozelski WK, Astrup A, Bernstein RK et al. Dietary carbohydrate restriction as the first approach in diabetes management: critical review and evidence base. Nutrition. 2015 Jan;31(1):1-13.
  9. Hemorheology and vascular reactivity in patients with diabetes mellitus type 2. Clin Hemorheol Microcirc. 2011;49(1-4):505-11. doi: 10.3233/CH-2011-1501. Marini MA, Fiorentino TV, Andreozzi F et al. Hemorheological alterations in adults with prediabetes identified by hemoglobin A1c levels. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2017 Jul;27(7):601-608.
  10. Simmonds MJ, Sabapathy S, Gass GC, Marshall-Gradisnik SM, Haseler LJ, Christy RM, Minahan CL. Heart rate variability is related to impaired haemorheology in older women with type 2 diabetes. Clin Hemorheol Microcirc. 2010;46(1):57-68.
  11. Keymel S, Heiss C, Kleinbongard P, Kelm M, Lauer T. Impaired red blood cell deformability in patients with coronary artery disease and diabetes mellitus. Horm Metab Res. 2011 Oct;43(11):760-5. doi: 10.1055/s-0031-1286325
  12. Kul AN, Ozdemir S, Helvaci A, Bulut C, Dursun S. The relationship of acutemyocardial infarction with or without ST-segment elevation and viscosity. Clin Appl Thromb Hemost. 2014 Nov;20(8):779-82.
  13. Wen Z, Xie J, Guan Z, Sun D, Yao W, Chen K, Yan ZY, Mu Q. A study of hemorheological behaviour for patients with Alzheimer’s disease at the early stages. Clin Hemorheol Microcirc. 2000;22(4):261-6.
  14. Tikhomirova I, Petrochenko E, Malysheva Y, Ryabov M, Kislov N. Interrelation of blood coagulation and hemorheology in cancer. Clin Hemorheol Microcirc. 2016;64(4):635-644.
  15. Diabetes Factos e Numeros 2014, relatorio anual do Observatorio Nacional de Diabetes
  16. Kahleova H, Levin S, Barnard N. Cardio-Metabolic Benefits of Plant-Based Diets. Nutrients. 2017 Aug 9;9(8). pii: E848.
  17. Jensen T, Abdelmalek MF, Sullivan S, Nadeau KJ et al. Fructose and sugar: A major mediator of non-alcoholic fatty liver disease. J Hepatol. 2018 Feb 2. pii: S0168-8278(18)30066-7.
  18. Dehghan M, Mente A, Zhang X et al. Prospective Urban Rural Epidemiology (PURE) study investigators. Associations of fats and carbohydrate intake with cardiovascular disease and mortality in 18 countries from five continents (PURE): a prospective cohort study. Lancet. 2017 Nov 4;390(10107):2050-2062.
  19. Harcombe Z, Baker JS, Davies B. Evidence from prospective cohort studies does not support current dietary fat guidelines: a systematic review and meta-analysis. Br J Sports Med. 2017 Dec;51(24):1743-1749.
  20. Harcombe Z, Baker JS, DiNicolantonio JJ, Grace F, Davies B. Evidence from randomised controlled trials does not support current dietary fat guidelines: a systematic review and meta-analysis. Open Heart. 2016 Aug 8;3(2):e000409.
  21. Washington Post. The U.S. government is poised to withdraw longstanding warnings about cholesterol. Disponívem em http://www.washingtonpost.com/news/wonk/wp/2015/02/10/feds-poised-to-withdraw-longstanding-warnings-about-dietary-cholesterol/?utm_term=.1247ff703242

É Normal?

É normal ficar doente?

É normal aumentarmos nossa insulina com açúcar e amido.
É normal dar açúcar até para crianças. Normal e incentivado.
É normal nos intoxicarmos com álcool, tabaco, pesticidas, conservantes.
É normal fazermos pouco exercício.
É normal nos escondermos do sol, ou passarmos filtro solar.
É normal deixarmos o convívio da família e trabalhar mais para podermos conquistar troféus para mostrarmos a sociedade como estamos “bem”, desde um carro novo, um apartamento maior, ou até uma viagem mais bacana (para mostrar para os outros, claro).
É normal deixarmos de amar.
É normal dormirmos no meio de uma poluição eletromagnética, com aparelhos ligados no quarto.

Daí

É normal ficarmos com as artérias entupidas.
É normal a pressão subir.
É normal o metabolismo de carboidratos ficar maluco, gerando pré-diabetes e diabetes.
É normal nossas glândulas pararem de funcionar como esperado.
É normal a imunidade baixar, sem que possamos nos defender de vírus, bactérias ou fungos.
É normal não sentir ânimo para nada.
É normal já acordar cansado e sentir-se cansado o dia inteiro.
É normal as células do corpo mudarem o DNA e começarem a reproduzir como malucas, gerando tumores.
É normal desenvolvermos anticorpos contra nosso corpo.

Depois

É normal precisarmos de remédios para tratar as doenças.
É normal os cientistas acharem que só ficamos doentes por causa de um gene diferente ao nascimento, gastarem muito dinheiro procurando, e não acharem.
É normal termos que tomar remédios para baixar a pressão arterial e para diabetes.
É normal sugerir que todos tomem um determinado remédio porque ele pode ter algum efeito protetor, mas que destrói os músculos do corpo, já que todos estão doentes mesmo.
É normal tomarmos antidepressivos para sentirmos menos cansados.
É normal envenenarmos o nosso corpo para matar células que estão se reproduzindo.
É normal acabar com as defesas do organismo para que diminua a produção de anticorpos contra ele mesmo.

Eu não acho nada normal. Acho que o dinheiro da ciência deveria ser investido em recuperação de saúde. Acho que as instituições deveriam investigar mais os marcadores de saúde, como as alterações do fluxo de sangue na microcirculação. Mas está tudo dirigido para a manutenção da doença, e não para a saúde. E é “Normal”.

Vegetais não são sempre saudáveis – os antinutrientes.

O título acima pode soar como um atentado ao bom senso, mas é verdade. Diversos vegetais considerados “saudáveis” podem na realidade funcionar como autênticos “venenos”, porque contém substâncias que nos impedem de conseguir o aproveitamento dos alimentos, substâncias essas conhecidas como “antinutrientes”. Infelizmente a noção de comida saudável na nossa sociedade vai à contramão das pesquisas científicas sobre o assunto.

Felizmente a noção de que devemos nos alimentar melhor está aumentando. Até as cadeias de fast food estão investindo em propagandas com alimentos pretensamente saudáveis.

A noção atual é que uma alimentação saudável é feita de pouca carne e gordura animal, e abundância de cereais integrais, leguminosas e verduras. Mas muitas vezes, dependendo de como esses alimentos são consumidos, podem se tornar uma fonte de mais problemas, e até desnutrição.

Vamos começar com a soja. Muita gente considera saudável o consumo da soja (vejam, por exemplo, esse site). Há no mercado uma gama de alimentos a base de soja, incluindo inclusive fórmulas infantis para bebês com base na soja.

Uma dieta saudável necessita de proteínas, que fornecem aminoácidos essenciais, fundamentais para o funcionamento do nosso organismo. Para podermos digerir proteínas, o pâncreas produz algumas enzimas, como a tripsina (que também é responsável por outra enzima que digere a carne, a quimotripsina). A soja é o vegetal que contém a maior quantidade de inibidores de tripsina, ou seja, a soja tem substâncias que impedem-nos de absorver as proteínas. Os inibidores de tripsina não inibem somente a tripsina, mas também outras enzimas digestivas como a quimotripsina, a elastase e várias outras enzimas.

A quantidade de inibidores de tripsina na soja integral chega a 27,2 mg em cada grama de soja, segundo alguns trabalhos científicos. Transformar a soja em pó não diminui a quantidade de inibidores de tripsina, pelo contrário, os inibidores ficam mais concentrados. A quantidade de inibidores de tripsina é tão grande que animais alimentados com dietas com base na soja ficam com hipertrofia do pâncreas (o pâncreas cresce para produzir mais enzimas).

Há algumas formas de soja que praticamente não contém inibidores de tripsina, como o tofu e o molho de soja (embora no molho de soja costuma-se acrescentar açúcar e glutamato monossódico, que não são saudáveis). A farinha de soja torrada contém bem menos inibidores, mas ainda uma quantidade considerável (até 9,4 mg por grama). O missô contém 4,1 mg por grama de inibidores de tripsina.

As fórmulas infantis com base na soja contêm menos quantidade de inibidores, 2,7 mg por grama de pó. Mas o impacto desses antinutrientes em uma criança em crescimento ainda está para ser avaliado. (Gilani GS, Cockell KA, Sepehr E. Effects of antinutritional factors on protein digestibility and amino acid availability in foods. J AOAC Int. 2005 May-Jun;88(3):967-87).

Outros antinutrientes importantes são os fitatos, ou ácido fítico. Os fitatos são conhecidos por diminuir a disponibilidade de diversos nutrientes, em particular o zinco (um mineral muito importante para o funcionamento do organismo, inclusive para a digestão de outros nutrientes) e o cálcio, diminuindo também a absorção de proteínas e aminoácidos. O maior problema com os fitatos é que eles se ligam a minerais e proteínas, produzindo complexos insolúveis (que não dissolvem), impedindo-os de serem absorvidos.

Os fitatos são os “armazéns” de fósforo nas sementes dos cereais e das leguminosas, mas esse fósforo não está disponível quando consumimos esses alimentos, ficando “guardados” até a germinação da nova planta. Portanto, as verduras praticamente não têm fitatos, enquanto que as sementes de cereais, legumes e oleoginosas são as que contêm a maior quantidade, sendo que a soja é a semente com maior quantidade. O lobby de diminuir a quantidade de gorduras na dieta e aumentar os grãos integrais provocou um aumento de fitatos na dieta. (Martínez Domínguez B, Ibáñez Gómez MV, Rincón León F. Ácido Fítico: Aspectos nutricionales e implicaciones analíticas. Arch Latinoam Nutr. 2002 Sep;52(3):219-31.).

Os fitatos aparecem também na casca do arroz, no cotilédone da ervilha e no germe do milho. Os fitatos ligam-se a diversos minerais além do zinco e cálcio já falados, como o potássio, o ferro, o magnésio e o manganês, o que pode ocasionar uma grande diminuição da absorção desses nutrientes.

O hábito de deixar de molho em água, antes do cozimento,  o arroz e o feijão é bem saudável, já que reduz o índice de fitatos em torno de 20%. Deixar de molho a farinha de milho reduz a quantidade de fitatos em 50%. E se deixarmos de molho de um dia para o outro, para promover a fermentação natural, a quantidade de fitatos é reduzida em 90%. Comer brotos de sementes (como brotos de feijão) também elimina os fitatos, já que a planta produz enzimas (fitase) para dispor do fosfato durante o crescimento. O controle dos antinutrientes é fundamental na alimentação de crianças, em particular nas subnutridas. (Michaelsen KF, Hoppe C, Roos N, Kaestel P, Stougaard M, Lauritzen L, Mølgaard C, Girma T, Friis H. Choice of foods and ingredients for moderately malnourished children 6 months to 5 years of age. Food Nutr Bull. 2009 Sep;30(3 Suppl):S343-404)

Alguns vegetais como o espinafre contém também uma grande contidade de oxalatos, que impedem-nos de absorver minerais como o ferro e o cálcio. (Miller GD, Jarvis JK, McBean LD. The importance of meeting calcium needs with foods. J Am Coll Nutr. 2001 Apr;20(2 Suppl):168S-185S). Portanto esse vegetal, apesar de rico em ferro e cálcio, não disponibiliza esses nutrientes, devido ao antinutriente oxalato.  Se o personagem Popeye existisse, com certeza ficaria mais fraco e não mais forte após comer sua porção de espinafre enlatado.

Finalmente temos as lectinas, proteínas vegetais que se ligam a carboidratos (açúcares), e são antinutrientes capazes inclusive de fazer  “grudar” os glóbulos vermelhos do sangue (se você não sabe o que significa isso para a saúde, clique aqui). As lectinas são reservas de proteínas e podem funcionar com inseticidas naturais (há pesquisas sobre o uso de lectinas contra diversas pragas) e protegem as plantas contra agressões externas, desde micróbios, insetos ou animais. As lectinas são muito resistentes, e não são destruídas pelas enzimas da digestão nem pela acidez do estômago, resultando em lesões nas células e tecidos do sistema estômago e intestinos, interferindo com a absorção de nutrientes, alterando a flora intestinal e alterando inclusive o sistema imunológico (defesa) dos intestinos. Se consumida em quantidade alta, as lectinas provocam doenças e diminuem o crescimento de animais ou humanos que a consumiram. Há relatos inclusive de intoxicação aguda em humanos que consumiram a lectina através de uma espécie de feijão vermelho.

Estudos científicos já analisaram lectinas tóxicas do feijão, da soja, da ervilha, do gérmen de trigo, da jaca e do arroz. Diversas outras plantas que consumimos normalmente contém lectinas, como a cenoura, o milho, o alho, o amendoim, a beterraba, o chá, a salsinha, o orégano, além de frutas como nas cerejas. Portanto, é praticamente impossível não termos contato com as lectinas. Para evitar problemas, devemos evitar comer plantas com alta concentração de lectinas cruas ou pouco cozidas, e tomar muito cuidado com quantidades exageradas de sementes (como feijão) e cereais (como o trigo).( Vasconcelos IM, Oliveira JT. Antinutritional properties of plant lectins. Toxicon. 2004 Sep 15;44(4):385-403) (Sharon N, Lis H. History of lectins: from hemagglutinins to biologicalrecognition molecules. Glycobiology. 2004 Nov;14(11):53R-62R)

Após todos esses dados, vemos que os vegetais às vezes funcionam como vilões. Mas toda alimentação saudável deve ser baseada em vegetais.  Então o que fazer para ter uma alimentação saudável? A primeira atitude é evitar alimentos processados, é bom desconfiar de todo alimento que tenha rótulo. Já é difícil ter uma alimentação saudável, e fica muito pior se ingerimos aditivos alimentares. Em segundo lugar, que me perdoem os vegetarianos, é que faça parte da dieta proteínas e gorduras animais, como carne, manteiga, iogurte, coalhada e ovos de aves criadas soltas. Não somos ruminantes, e muitos nutrientes essenciais são encontrados somente em produtos de origem animal. Em terceiro lugar, procure sempre que possível produtos orgânicos, vegetais sem agrotóxicos e carne sem hormônios e antibióticos. Em quarto lugar, não exagere nas sementes (leguminosas e oleoginosas) e cereais, e procure deixar de molho produtos como arroz, feijão, lentilhas e farinha de trigo ou milho. E por último, há a vitamina D, cuja maior fonte não é alimentar, é o sol (se ainda não leu, leia aqui e aqui)

Mais notícias sobre a Vitamina D

Feliz 2010 a todos!

Em novembro de 2009, cientistas do Intermountain Medical Center da cidade de  Salt Lake City (EUA) apresentaram um trabalho muito interessante na American Heart Association’s Scientific Conference. Durante mais de um ano eles estudaram 27.686 pacientes acima de 50 anos e sem história de doença cardiovascular. Esses pacientes tiveram seu nível sanguíneo de vitamina D dosados, e a partir desses resultados foram divididos em 3 grupos: nível normal (acima de 30 ng/ml), nível baixo (entre 15 e 30 ng/ml) e nível muito baixo (abaixo de 15 ng/ml).

Os resultados foram impressionantes. Nos pacientes com níveis muito baixo de vitamina D (em comparação com os que tinham níveis normais), a possibilidade de morrer aumentou em  77%, além de ter  45% mais possibilidade de desenvolver doenças coronarianas (angina/infarto), 78% de ter um acidente vascular cerebral (derrame) e duas vezes mais de desenvolver insuficiência cardíaca (http://www.sciencedaily.com/releases/2009/11/091116085038.htm). Essa pesquisa mostra como a deficiência de vitamina D é extremamente importante, e provavelmente é a maior “epidemia” do início do século XXI.

Outras pesquisas interessantes têm sido feitas sobre esse assunto. Cientistas ingleses analisaram vários estudos científicos e concluíram que níveis altos de vitamina D em pessoas de meia idade ou idosas estavam associados a uma diminuição substancial em doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e síndrome metabólica. (Parker J, Hashmi O, Dutton D, Mavrodaris A, Stranges S, Kandala NB, Clarke A,  Franco OH. Levels of vitamin D and cardiometabolic disorders: Systematic review and meta-analysis. Maturitas. 2009 Dec 21).

No editorial da prestigiosa revista Dermatoendocrinology, o cientista Michael F Holick, da Universidade de Boston (EUA), uma das maiores autoridades mundiais sobre a vitamina D, critica uma observação do International Agency for Research on Câncer questionando se níveis altos de vitamina D não seriam prejudiciais a saúde. A conclusão do artigo é “Agora existem evidências suficientes para se recomendar  um aumento na ingestão ou produção de vitamina D como um meio eficaz de reduzir o risco de câncer e outras doenças crônicas ou infecciosas, enquanto que faltam 100% de evidências  apontando em outra direção”. Ou seja, uma revista de dermatologia endócrina afirma que tomar sol faz bem à saúde. No mesmo artigo, o autor afirma que embora o ultra-violeta seja ligado a alguns tipos de câncer de pele (mais benignos), o melanoma (tipo de câncer de pele mais mortal) aparece mais usualmente em áreas cobertas do corpo, enquanto a exposição ao sol diminui a chance desse tipo letal de câncer. A dica de como aumentar a vitamina D também está no artigo:  Quando um adulto toma banho de sol em trajes de banho até a pele começar a ficar vermelha, isso equivale a ingestão entre 10.000 a 20.000 UI de vitamin D, doses impossíveis de conseguir através da dieta ou de suplementação. O artigo completo está disponível no http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2715200/?tool=pubmed#R22

Somado aos vários trabalhos já citados neste blog no ano passado, temos evidências suficientes para acabar com o mito de que temos que nos proteger do sol a todo custo. O correto é tomar banho de sol até a pele começar  a ficar vermelha, daí é melhor sair do sol (mais recomendável) ou proteger com algum tipo de filtro solar. Nós não somos feitos para ficar trancados entre quatro paredes sem contato com o sol.